The Teachings of Ajahn Chah
A collection of Ajahn Chah's translated Dhamma talks
� muito
importante que pratiquemos o Dhamma. Se n�o praticarmos, ent�o todo o nosso
conhecimento ser� somente um conhecimento superficial, a sua cobertura externa
somente. � como se tiv�ssemos um certo tipo de fruta mas que ainda n�o a
tiv�ssemos comido. Apesar de termos essa fruta nas nossas m�os, ela n�o nos
traz nenhum benef�cio. Somente comendo a fruta � que podemos realmente conhecer
o seu sabor.
O Buda n�o
louvava aqueles que simplesmente acreditavam nos outros, ele louvava a pessoa que tinha o conhecimento
interiorizado. O mesmo que com a fruta, se n�s j� a tivermos provado, n�o
precisaremos perguntar a ningu�m mais se ela � doce ou azeda. Os nossos
problemas est�o solucionados. Porque est�o resolvidos? Porque vemos de acordo
com a verdade. Aquele que compreendeu o Dhamma � como aquele que percebeu a
do�ura ou acidez da fruta. Todas as d�vidas terminam nesse momento.
Quando falamos
sobre o Dhamma, embora possamos falar muito, usualmente, isso pode ser resumido
em quatro coisas. Elas s�o simplesmente entender o sofrimento, entender a causa
do sofrimento, entender o fim do sofrimento e entender o caminho da pr�tica que
conduz ao fim do sofrimento. Isso � tudo. Tudo que experimentamos at� agora no
caminho da pr�tica se resume nessas quatro coisas. Quando entendermos essas
coisas, os nossos problemas terminam.
De onde surgem
essas quatro coisas? Elas surgem justamente deste corpo e desta mente, de
nenhum outro lugar. Ent�o porque o Dhamma do Buda � t�o amplo e extenso? Ele �
assim de forma a explicar essas coisas de uma maneira mais detalhada, para
ajudar-nos a v�-las.
Quando Siddhattha
Gotama nasceu neste mundo, antes que ele enxergasse o Dhamma, ele era uma
pessoa comum como qualquer um de n�s. Quando ele entendeu o que era para ser
entendido, isto �, a verdade do sofrimento, a causa, o fim e o caminho que
conduz ao fim do sofrimento, ele compreendeu o Dhamma e se tornou um Buda
perfeitamente Iluminado.
Quando n�s
compreendemos o Dhamma, em qualquer
lugar que sentemos, entenderemos o Dhamma, em qualquer lugar que estejamos,
ouviremos os ensinamentos do Buda. Quando n�s compreendemos o Dhamma, o Buda
est� dentro da nossa mente, o Dhamma est� dentro da nossa mente e a pr�tica que
conduz � sabedoria est� dentro da nossa mente. Ter o Buda, o Dhamma e a Sangha
dentro da nossa mente significa que, boas ou m�s, saberemos claramente, por n�s
mesmos, a verdadeira natureza das
nossas a��es. Foi assim que o Buda descartou as opini�es mundanas, ele
descartou os elogios e as cr�ticas. Quando as pessoas o elogiavam ou criticavam
ele simplesmente aceitava ambos pelo que eram. Essas duas coisas s�o
simplesmente condi��es mundanas, assim ele n�o se abalava com elas. Porque n�o?
Porque ele conhecia o sofrimento. Ele sabia que se ele acreditasse nesse elogio
ou cr�tica, estes lhe causariam sofrimento.
Quando o
sofrimento surge ele nos agita, nos sentimos perturbados. Qual � a causa desse
sofrimento? � porque n�o conhecemos a Verdade, essa � a causa. Quando a causa
est� presente, ent�o o sofrimento surge. Uma vez que surge n�s n�o sabemos como
par�-lo. Quanto mais tentamos par�-lo, mais intenso ele fica. N�s dizemos,
"N�o me critique", ou "N�o ponha a culpa em mim". Ao tentar
par�-lo dessa forma, o sofrimento fica realmente mais intenso e ele n�o ir�
parar.
Portanto, o Buda
ensinou que o caminho que conduz ao fim do sofrimento � fazer surgir o
Dhamma como uma realidade dentro das
nossas mentes. Nos tornamos algu�m que testemunha o Dhamma por si mesmo. Se
algu�m diz que somos bons, n�s n�o nos perdemos nisso; eles dizem que n�o somos
bons, n�s n�o nos perdemos nisso; eles dizem que n�o somos bons e n�s n�o nos
esquecemos de n�s mesmos. Dessa forma podemos nos libertar. "Bem" e
"mal" s�o apenas dhammas mundanos, eles s�o, apenas, estados da
mente. Se os seguirmos, a nossa mente se transforma no mundo, n�s ficamos
tateando no escuro e n�o sabemos onde est� a sa�da. Se � assim, ent�o ainda n�o
temos controle sobre n�s mesmos. Tentamos derrotar os outros, mas agindo assim
apenas derrotamos a n�s mesmos; por�m se temos controle sobre n�s mesmos ent�o
temos controle sobre tudo - sobre todas as forma��es mentais, vis�es, sons,
aromas, sabores e sensa��es corporais. Agora estou falando de coisas externas,
elas s�o assim, mas o exterior tamb�m est� refletido internamente. Algumas
pessoas apenas conhecem o exterior, elas n�o conhecem o interior. Como quando
dizemos para "ver o corpo no corpo". Ver o corpo exterior n�o �
suficiente, precisamos conhecer o corpo dentro do corpo. Ent�o, tendo
investigado a mente, devemos conhecer a mente dentro da mente.
Porque devemos
investigar o corpo? O que � esse "corpo no corpo"? Quando falamos
conhecer a mente, o que � essa "mente"? Se n�o conhecermos a mente
ent�o n�o conheceremos as coisas dentro da mente. � ser algu�m que n�o conhece
o sofrimento, n�o conhece a causa, n�o conhece o fim e n�o conhece o caminho.
As coisas que deveriam ajudar a extinguir o
sofrimento n�o funcionam porque n�s somos distra�dos pelas coisas que o
agravam. � como se tiv�ssemos uma coceira na cabe�a e co��ssemos a perna! Se � a nossa cabe�a que est� co�ando ent�o
obviamente n�o vamos obter muito al�vio. Da mesma forma, quando o sofrimento
surge, n�o sabemos como lidar com ele, n�o conhecemos a pr�tica que conduz ao
fim do sofrimento.
Por exemplo,
vejam o corpo, este corpo que cada um de n�s trouxe a esta reuni�o. Se somente
virmos a forma do corpo n�o h� como escapar do sofrimento. Porque n�o? Porque
ainda n�o enxergamos o interior do corpo, somente vemos o exterior. Somente o
vemos como algo belo, que possui subst�ncia. O Buda disse que somente isso n�o
� o suficiente. N�s vemos o exterior com os nossos olhos; uma crian�a pode
v�-lo, animais podem v�-lo, n�o � dif�cil. O exterior do corpo pode ser visto
com facilidade, mas ao v�-lo nos prendemos a ele, n�o conhecemos a verdade a
seu respeito. Ao v�-lo n�s o agarramos e ele nos morde!
Portanto devemos
investigar o corpo dentro do corpo. N�o importa o que exista no corpo, v� em
frente e olhe. Se virmos somente o exterior, n�o estar� n�tido. Vemos cabelo,
unhas e assim por diante e elas s�o apenas coisas belas que nos atraem, por
isso o Buda nos ensinou a olhar para dentro do corpo, para ver o corpo dentro
do corpo. O que � o corpo? Olhem para dentro atentamente! Veremos muitas coisas
ali que nos surpreender�o, porque apesar de estarem dentro de n�s, n�s nunca as
vimos. Para qualquer lugar que caminhemos, n�s vamos carreg�-las conosco,
sentados em um carro, n�s vamos lev�-las conosco, mas mesmo assim n�o as
conhecemos!
� como quando
visitamos alguns parentes e eles nos d�o um presente. N�s o pegamos e colocamos
na nossa mala e depois sa�mos sem abri-lo para ver o que �. Quando finalmente o
abrimos - est� cheio de cobras venenosas! O nosso corpo � igual. Se virmos somente a sua casca diremos que ele �
agrad�vel e bonito. N�s nos esquecemos.
Esquecemos que � impermanente, insatisfat�rio e n�o-eu. Se olharmos
dentro deste corpo veremos que ele � realmente repulsivo. Se virmos de acordo
com a realidade, sem tentar disfar�ar as coisas, veremos que ele � realmente
pat�tico e cansativo. O desapego ir� surgir. Essa sensa��o de
"desinteresse" n�o quer dizer que sintamos avers�o pelo mundo ou algo
parecido; � simplesmente a nossa mente sendo limpa, a nossa mente se soltando
dele. Vemos as coisas como elas s�o por natureza. N�o importa como queiramos
que sejam, elas ser�o do seu pr�prio jeito. Quer riamos ou choremos, elas s�o
simplesmente como s�o. As coisas que s�o inst�veis, s�o inst�veis; as coisas
que s�o feias, s�o feias.
Portanto o Buda
disse que quando experimentamos vis�es, sons, sabores, aromas, sensa��es
corporais ou estados mentais, dever�amos libert�-los.Quando o ouvido ouve um
som, deixe-o ir. Quando o nariz cheira um aroma, deixe-o ir…deixe-o no nariz!
Quando as sensa��es corporais surgem, solte-se do gostar ou n�o gostar que vem
em seguida, deixe que retornem para onde vieram. O mesmo para os estados
mentais. Todas essas coisas, deixe que elas sigam o seu caminho. Isso � o
conhecimento. Quer seja felicidade ou infelicidade, � a mesma coisa. A isto se
chama medita��o.
Medita��o
significa pacificar a mente de forma que a sabedoria possa surgir. Isso exige
que pratiquemos com o corpo e a mente de forma a ver e conhecer as impress�es
sensuais da forma, do som, do sabor, do toque e das forma��es mentais.
Colocando de modo resumido, � somente uma quest�o de felicidade e infelicidade.
A felicidade � uma sensa��o agrad�vel na mente, a infelicidade � justamente a
sensa��o desagrad�vel. O Buda ensinou a separar essa felicidade e infelicidade
da mente. A mente � aquela que sabe. A sensa��o [10] � a caracter�stica da felicidade ou infelicidade, gostar ou n�o
gostar. Quando a mente se entrega a essas coisas dizemos que ela se apega ou
assume que essa felicidade e infelicidade merecem ser guardadas. Esse apego �
uma a��o mental, essa felicidade ou infelicidade � a sensa��o.
Quando afirmamos
que o Buda nos disse para separar a mente da sensa��o, ele n�o quis dizer
literalmente coloc�-los em lugares diferentes. Ele quis dizer que a mente deve
conhecer a felicidade e a infelicidade. Quando estamos sentados em samadhi, por exemplo, e a paz preenche a
mente, ent�o a felicidade pode vir mas ela n�o nos atinge, a infelicidade pode
vir mas n�o nos atinge. Isto � o que quer dizer separar a sensa��o da mente.
Podemos compar�-lo com a �gua e �leo numa garrafa. Eles n�o se combinam. Mesmo
se voc� tentar mistur�-los, o �leo permanece como �leo e a �gua permanece como
�gua. Porque ocorre isso? Porque eles possuem densidades diferentes.
O estado natural
da mente n�o � nem de felicidade nem de infelicidade. Quando uma sensa��o entra
na mente ent�o a felicidade ou infelicidade surge. Se tivermos aten��o plena
ent�o entenderemos a sensa��o agrad�vel como sensa��o agrad�vel. A mente que
sabe n�o ir� se agarrar a ela. A felicidade se encontra ali mas est� "do
lado de fora" da mente, n�o est� enterrada dentro da mente. A mente
simplesmente sabe disso com clareza.
Se separarmos a
infelicidade da mente, isso significa que n�o haver� sofrimento, que n�s n�o o
experimentaremos? Sim, n�s o experimentamos, por�m sabemos que a mente � mente
e a sensa��o � sensa��o. N�s n�o nos agarramos a essa sensa��o ou a carregamos
conosco. O Buda separou essas coisas atrav�s do conhecimento. Ele sofria? Ele conhecia o estado de sofrimento mas n�o
se apegava a ele, dessa forma dizemos que ele extirpou o sofrimento. E tamb�m
havia a felicidade, mas ele conhecia essa felicidade, quando ela n�o �
conhecida, � como um veneno. Ele n�o a tomou como parte de si mesmo. A felicidade ali estava atrav�s do
conhecimento, mas ela n�o existia na sua mente. Dessa forma dizemos que ele
separou a felicidade e a infelicidade da sua mente.
Quando dizemos
que o Buda e os Iluminados aniquilaram as contamina��es, [11]
n�o � que eles realmente as aniquilaram. Se eles as tivessem
aniquilado ent�o provavelmente n�s n�o ter�amos nenhuma! Eles n�o aniquilaram
as contamina��es, quando eles as conheceram pelo que elas s�o, eles se soltaram
delas. Algu�m que seja est�pido ir� se agarrar a elas, mas os Iluminados
conheciam as contamina��es como veneno nas suas mentes, assim eles as varreram
para fora. Eles varreram para fora as coisas que lhes causavam sofrimento, eles
n�o as aniquilaram. Algu�m que n�o saiba disso ver� algumas coisas, assim como
a felicidade, como boas e ent�o ir� agarr�-las, mas o Buda as conhecia e simplesmente as varria para
fora.
Mas quando a
sensa��o surge nos entregamos a ela, isto �, a mente carrega consigo aquela
felicidade e infelicidade. Na verdade elas s�o duas coisas distintas. As
atividades da mente, sensa��es agrad�veis, sensa��es desagrad�veis e assim por
diante, s�o impress�es mentais, elas s�o o mundo. Se a mente sabe disso ela pode lidar igualmente com a felicidade
ou a infelicidade. Porque? Porque ela conhece a verdade acerca dessas coisas.
Algu�m que n�o a conhece, as v� como sendo iguais. Se voc� se apega �
felicidade ser� ali onde ir� surgir a infelicidade mais tarde, porque a
felicidade � inst�vel, ela muda o tempo todo. Quando a felicidade desaparece,
surge a infelicidade.
O Buda sabia
disso porque ambas a felicidade e a infelicidade s�o insatisfat�rias, elas
possuem o mesmo valor. Quando surgia a felicidade ele a soltava . Ele tinha a
pr�tica correta, vendo que ambas as coisas possuem valores e desvantagens
iguais. Elas se submetem � lei do Dhamma, isto �, elas s�o inst�veis e
insatisfat�rias. Uma vez que nascem, elas morrem. Quando ele viu isso, o entendimento correto despertou e a pr�tica
correta se tornou clara. N�o importa que tipo de sentimento ou pensamento
surgia na sua mente, ele sabia que era simplesmente o jogo cont�nuo da felicidade
e infelicidade. Ele n�o se apegava a elas.
Pouco ap�s a sua
ilumina��o o Buda deu um serm�o acerca de entregar-se ao prazer e de
entregar-se � dor. "Bhikkhus! Entregar-se ao prazer � o caminho relaxado,
entregar-se � dor � o caminho tenso". Essas foram as duas coisas que
atrapalharam a sua pr�tica at� o dia em que ele se iluminou, porque no in�cio
ele n�o se soltava delas. Assim que ele as entendeu, ele passou a se soltar
delas e dessa forma foi capaz de proferir o seu primeiro serm�o.
Portanto, dizemos
que um meditador n�o deve seguir o caminho da felicidade ou infelicidade, de
prefer�ncia ele deve entend�-las. Entendendo a verdade do sofrimento, ele
saber� a causa do sofrimento, o fim do sofrimento e o caminho que conduz ao fim
do sofrimento. E o caminho que conduz ao fim do sofrimento � a pr�pria
medita��o. Para colocar de maneira simples, precisamos estar plenamente
atentos.
Aten��o plena
� saber, ou presen�a da aten��o. Exatamente agora o que estamos pensando, o que
estamos fazendo? O que temos conosco exatamente neste instante? Observamos
dessa forma, estamos conscientes de como estamos vivendo. Quando praticamos
dessa forma, a sabedoria pode surgir. N�s consideramos e investigamos todo o
tempo, em todas as posturas. Quando uma impress�o mental surge e queremos
conhec�-la tal como ela �, n�s n�o a tomamos como sendo algo com subst�ncia. �
apenas felicidade. Quando a infelicidade surge sabemos que se trata da entrega
� dor, n�o � o caminho de um meditador.
Isto � o que
chamamos de separar a mente da sensa��o. Se formos espertos n�o nos apegamos,
deixamos as coisas como s�o. Nos tornamos "aquele que sabe'. A mente e a
sensa��o s�o como �leo e �gua, elas est�o na mesma garrafa mas n�o se misturam.
Mesmo se estivermos enfermos ou com dor, ainda assim entenderemos a sensa��o
como sensa��o, a mente como mente. Conhecemos os estados desconfort�veis ou
confort�veis mas n�o nos identificamos com eles. Somente permanecemos com a
paz, a paz que est� al�m do conforto e da dor.
Voc� deve
entender dessa forma, porque se n�o h� um eu permanente ent�o n�o existe
ref�gio. Voc� deve viver dessa forma, isto �, sem felicidade e sem
infelicidade. Voc� permanece simplesmente com esse entendimento, voc� n�o
carrega essas coisas.
Enquanto n�o
alcan�armos a ilumina��o tudo isso pode soar estranho mas n�o tem import�ncia,
n�s simplesmente colocamos o nosso objetivo nessa dire��o. A mente � a mente.
Ela encontra a felicidade e a infelicidade e as vemos apenas como tais, nada
al�m disso. Elas s�o divididas, n�o misturadas. Se estiverem misturadas ent�o
n�o as entenderemos. � como viver em
uma casa, a casa e o seu morador est�o relacionados, por�m separados. Se a
nossa casa est� em perigo ficamos aflitos porque precisamos proteg�-la, mas se a
casa pegar fogo precisaremos abandon�-la. Se uma sensa��o desconfort�vel surge
n�s a abandonamos, tal como com a casa. Se ela estiver em chamas e n�s
soubermos disso, sairemos correndo. S�o duas coisas distintas; a casa � uma
coisa, o morador � outra.
Dizemos que
separamos a mente e a sensa��o dessa forma, mas na verdade por natureza elas j�
est�o separadas. A nossa realiza��o � simplesmente conhecer essa separa��o
natural de acordo com a realidade. Quando dizemos que elas n�o est�o separadas
� porque por ignor�ncia da verdade nos apegamos a elas.
Por isso o Buda
nos disse para meditar. Essa pr�tica de medita��o � muito importante. Somente
conhecer com o intelecto n�o � suficiente. O conhecimento que � obtido atrav�s
da pr�tica com uma mente tranq�ila e o conhecimento que � obtido atrav�s do
estudo s�o dois tipos realmente muito distintos. O conhecimento que � obtido
atrav�s do estudo n�o � o verdadeiro conhecimento da nossa mente. A mente tenta
agarrar e manter esse conhecimento. Porque tentamos mant�-lo? Solte-o ! E ent�o
quando o soltamos, lamentamos!
Se realmente
tivermos o conhecimento, ent�o poderemos nos soltar de tudo, que as coisas
sejam como s�o. Sabemos como as coisas s�o e n�o nos esquecemos. Se acontecer
de ficarmos enfermos n�o nos perderemos nisso. Algumas pessoas pensam,
"Este ano estive enfermo todo o tempo, n�o pude nunca meditar". Essas
s�o as palavras de uma pessoa realmente tola. Algu�m que esteja enfermo e
morrendo deve realmente ser diligente na sua pr�tica. Uma pessoa pode dizer que
n�o confia no seu corpo e por isso sente que n�o consegue meditar. Se pensarmos
assim ent�o as coisas ficar�o dif�ceis. O Buda n�o ensinou dessa forma. Ele
disse que aqui mesmo � o lugar para meditar. Quando estamos enfermos ou
morrendo � quando podemos realmente ver e conhecer a realidade.
Outras pessoas
dizem que elas n�o t�m a oportunidade de meditar porque est�o muito ocupadas.
Algumas vezes professores me procuram. Eles dizem que possuem muitas
responsabilidades e por isso n�o t�m tempo para meditar. Eu lhes pergunto,
"Quando voc�s est�o ensinando, voc�s t�m tempo para respirar?" Eles
respondem, "Sim". "Portanto como que voc�s t�m tempo para
respirar se o trabalho � t�o agitado e confuso? Nesse caso, voc�s est�o
distantes do Dhamma."
Na realidade,
esta pr�tica � justamente sobre a mente
e as sensa��es. N�o se trata de algo que voc� tenha de correr atr�s ou se
esfor�ar. A respira��o continua enquanto trabalhamos. A natureza toma conta dos
processos naturais - tudo que precisamos fazer � estar atentos. Continuar
tentando apenas, ver internamente com clareza. A medita��o � assim.
Se tivermos essa
aten��o presente, ent�o todo trabalho que fa�amos ser� a ferramenta que nos
permitir� continuamente saber o que � certo e o que � errado. Existe muito tempo
para meditar, n�s apenas n�o entendemos a pr�tica de forma completa, isso �
tudo. Enquanto estamos dormindo, respiramos;
comendo, respiramos, n�o � mesmo? Porque n�o temos tempo para meditar?
Onde quer que seja que estejamos, respiramos. Se pensarmos dessa forma ent�o a
nossa vida tem tanto valor quanto a nossa respira��o, onde quer que estejamos,
temos tempo.
Todos os tipos de
pensamentos s�o condi��es mentais, n�o condi��es do corpo, deste modo,
precisamos simplesmente ter a aten��o presente, ent�o saberemos o que � certo e
o que � errado todo o tempo. Em p�, caminhando, sentado e deitado, existe tempo
de sobra. N�s, apenas, n�o sabemos como us�-lo da forma apropriada. Por favor
levem isso em conta.
N�o podemos fugir
das sensa��es, precisamos conhec�-las. Sensa��o � apenas sensa��o, felicidade � apenas felicidade, infelicidade � apenas infelicidade. Elas s�o simplesmente isso. Portanto,
porque dever�amos nos apegar a elas? Se a mente for esperta, s� de ouvir isso
seria o suficiente para nos permitir separar a sensa��o da mente.
Se investigarmos
dessa forma continuamente, a mente ir� encontrar a liberta��o, mas n�o escapar� atrav�s da ignor�ncia. A mente
se solta de tudo, quando ela sabe. Ela n�o solta devido � estupidez, n�o porque
ela n�o queira que as coisas sejam como s�o. Ela solta porque sabe de acordo
com a verdade. Isso � ver a natureza, a realidade que est� � nossa volta.
Quando sabemos
isso somos algu�m h�bil com a mente, temos habilidade com as impress�es
mentais. Quando temos habilidade com as impress�es mentais somos h�beis com o
mundo. Isto � ser um "Conhecedor do Mundo". O Buda era algu�m que
claramente conhecia o mundo com todas as suas dificuldades. Ele sabia que o que
� preocupante e que o que n�o � preocupante estavam exatamente ali. O mundo �
t�o confuso, como � que o Buda foi capaz de entend�-lo? Com rela��o a isso
devemos entender que o Dhamma ensinado pelo Buda n�o est� al�m da nossa
capacidade. Em todas as posturas devemos ter a aten��o presente e
autoconsci�ncia - e quando for o momento para sentar em medita��o, fazemos
apenas isso.
N�s sentamos em
medita��o para estabelecer a paz e cultivar a energia mental. N�s n�o o fazemos
com o prop�sito de explorar algo especial. A medita��o de insight � estar sentado em samadhi . Em alguns lugares se diz, "Agora vamos sentar em samadhi, depois disso faremos medita��o
de insight". N�o fa�a essa separa��o! A tranq�ilidade � a base que faz
surgir a sabedoria, a sabedoria � o fruto da tranq�ilidade. Dizer que agora
vamos fazer a medita��o da tranq�ilidade e mais tarde insight - voc� n�o pode
fazer isso! Voc� somente consegue dividi-las na linguagem. Tal como uma faca, a
l�mina est� de um lado, a parte de tr�s da l�mina do outro. Voc� n�o consegue
dividi-las. Se voc� pegar um lado ir� na verdade ficar com os dois lados. A
tranq�ilidade faz a sabedoria surgir dessa forma.
A Virtude � o pai
e a m�e do Dhamma. No princ�pio precisamos ter virtude. A virtude � paz. Isso significa
que n�o existem a��es incorretas com o corpo ou a linguagem. Quando n�o agimos
da forma incorreta n�o ficamos agitados; quando n�o ficamos agitados, ent�o a
paz e o autocontrole surgem na mente.
Portanto dizemos que a virtude, concentra��o e sabedoria s�o o caminho que
todos os Nobres trilharam em dire��o � ilumina��o. Eles s�o um s�. A virtude �
concentra��o, a concentra��o � virtude. A concentra��o � sabedoria, a sabedoria
� concentra��o. � tal como uma manga. Quando ela � uma flor a chamamos de flor.
Quando se torna uma fruta a chamamos de manga. Quando amadurece n�s a chamamos
de manga madura. Tudo isso � uma manga que muda continuamente. A manga grande
se desenvolve da manga pequena, a manga pequena se torna uma grande. Voc� pode
cham�-las de nomes diferentes ou dar um nome s�. Virtude, concentra��o e
sabedoria est�o relacionadas dessa forma. Ao final todas s�o o caminho que
conduz � ilumina��o.
A manga, do
momento em que surge como uma flor, simplesmente se desenvolve at� o
amadurecimento. Isso � o suficiente, n�s devemos ver dessa forma. Seja o que
for que os outros a chamem, n�o importa. Uma vez nascida ela cresce at�
envelhecer, e depois o que? Devemos meditar sobre isso.
Algumas pessoas
n�o querem envelhecer. Quando elas envelhecem elas ficam se lamentando. Essas
pessoas n�o deveriam comer mangas maduras! Porque queremos que as mangas
amadure�am? Se n�o amadurecem no tempo certo, n�s as amadurecemos
artificialmente, n�o � verdade? Por�m quando envelhecemos ficamos cheios de
lamenta��es. Algumas pessoas choram, elas temem envelhecer ou morrer. Se �
assim, ent�o elas n�o deveriam comer mangas maduras, melhor comer somente as
flores! Se podemos enxergar isso, ent�o poderemos ver o Dhamma. Tudo fica
claro, estamos em paz. Decida-se a praticar dessa forma.
Assim, hoje, o
Chefe Conselheiro e o seu grupo vieram
juntos para ouvir o Dhamma. Voc�s deveriam tomar o que eu disse e analisar tudo
cuidadosamente. Se algo n�o estiver correto, por favor me desculpem. Mas para saberem se est� certo ou errado, depende de
praticarem e enxergarem por si mesmos. Aquilo que estiver errado, joguem fora.
Aquilo que estiver certo, guardem e usem. Mas na verdade, n�s praticamos para
soltar ambos, o que � correto e o que � incorreto. Ao final jogamos tudo fora.
Se for correto, jogue fora; se for incorreto, jogue fora! Usualmente, se for
correto nos apegamos � corre��o, se for incorreto, nos agarramos � id�ia de que
� incorreto e ent�o as discuss�es surgem. Mas o Dhamma � o lugar onde n�o
existe nada - absolutamente nada.
10. Sensa��o � uma tradu��o da palavra em Pali vedana, e deve ser entendida com o sentido dado por Ajaan Chah: como os estados mentais
de gostar, n�o gostar, alegria, tristeza, etc. [Retorna]
11. Contamina��es, ou kilesa, s�o os
h�bitos nascidos da ignor�ncia que infestam as mentes de todos os seres n�o
iluminados. [Retorna]