O Caminho do Meio Interior

"...O Buda estabeleceu a Virtude, Concentra��o e Sabedoria como o Caminho para a paz, o caminho para a ilumina��o. Mas na verdade essas coisas n�o s�o a ess�ncia do Budismo. Elas s�o somente o Caminho…A ess�ncia do Budismo � a paz e a paz � o resultado de conhecer verdadeiramente a natureza de todas as coisas..."

O ensinamento Budista compreende o abandono do mal e a pr�tica do bem. Ent�o, quando o mal � abandonado e o bem estabelecido, precisamos nos soltar de ambos, do bem e do mal. J� ouvimos o suficiente acerca de condi��es ben�ficas e prejudiciais para sermos capazes de entender algo a seu respeito, portanto eu gostaria de falar sobre o Caminho do Meio, isto �, o caminho para escapar dessas duas coisas.

Todas palestras do Dhamma e ensinamentos do Buda possuem um objetivo - mostrar como sair do sofrimento para aqueles que ainda n�o conseguiram escapar. Os ensinamentos possuem como objetivo nos transmitir o entendimento correto. Se n�o entendermos corretamente, ent�o n�o alcan�aremos a paz.

Quando os v�rios Budas se iluminaram e transmitiram os seus primeiros ensinamentos, todos eles falaram acerca desses dois extremos - entregar-se ao prazer e entregar-se � dor. [7] Esses dois caminhos s�o os caminhos das paix�es cegas, eles s�o os caminhos entre os quais oscilam aqueles que se entregam aos prazeres sensuais, sem nunca alcan�ar a paz. Eles s�o os caminhos que ficam dando volta no samsara.

O Iluminado observou que todos os seres est�o presos a esses dois extremos, nunca enxergando o Caminho do Meio do Dhamma, portanto ele os exp�s de forma a mostrar a puni��o envolvida em ambos. Porque n�s ainda estamos presos, porque ainda desejamos, vivemos repetidas vezes sob a sua ditadura. O Buda declarou que esses dois caminhos s�o os caminhos da embriaguez, eles n�o s�o os caminhos de um meditador, nem os caminhos para a paz. Esses caminhos s�o a entrega ao prazer e a entrega � dor ou, para colocar de maneira simplificada, o caminho da neglig�ncia e o caminho da tens�o. Se voc� investigar interiormente, momento a momento, ver� que o caminho da tens�o � a raiva, o caminho do sofrimento. Seguindo por esse caminho haver� somente dificuldade e sofrimento. Entregar-se ao prazer - se voc� escapou dela, isso significa que voc� escapou da felicidade. Esses caminhos, tanto a felicidade como a infelicidade n�o s�o estados de paz. O Buda ensinou a soltar ambos. Essa � a pr�tica correta. Esse � o Caminho do Meio. Essas palavras, "o Caminho do Meio", n�o se referem ao nosso corpo e linguagem, elas se referem � mente. Quando uma impress�o mental que n�o gostamos surge, ela afeta a mente e surge a confus�o. Quando a mente est� confusa, quando ela est� agitada, esse n�o � o caminho correto. Quando surge uma impress�o mental da qual gostamos, a mente se move para entregar-se ao prazer - esse n�o � o caminho tampouco.

N�s n�o queremos sofrer, queremos a felicidade. Mas na verdade a felicidade � apenas uma forma refinada de sofrimento. O sofrimento em si � a forma grosseira. Voc� pode compar�-los a uma cobra. A cabe�a da cobra � a infelicidade, a cauda da cobra � a felicidade. A cabe�a da cobra � realmente perigosa, ela possui as presas venenosas. Se voc� toc�-la a cobra morder� imediatamente. Mas n�o importa a cabe�a, mesmo se voc� segurar a cauda, ela ir� se voltar e mord�-lo do mesmo jeito, porque ambos a cabe�a e a cauda pertencem � mesma cobra.

Da mesma forma, ambas a felicidade e a infelicidade, ou prazer e dor, surgem do mesmo progenitor - desejo. Portanto, quando voc� est� feliz a mente n�o est� em paz. N�o est� mesmo! Por exemplo, quando obtemos as coisas que queremos, tal como riquezas, prest�gio, elogios ou felicidade, como resultado ficamos satisfeitos. Mas a mente ainda abriga algum desconforto porque tememos perder algo. Esse mesmo temor n�o � um estado pac�fico. Mais tarde poderemos at� perder algo e ent�o realmente sofreremos. Dessa forma, se voc� n�o tiver consci�ncia, mesmo que esteja feliz, o sofrimento � iminente. � exatamente o mesmo que agarrar a cauda da cobra - se voc� n�o solt�-la ela ir� mord�-lo. Portanto quer seja a cauda ou a cabe�a da cobra, isto �, condi��es ben�ficas ou prejudiciais, elas s�o apenas qualidades da Roda da Exist�ncia, mudando interminavelmente.

O Buda estabeleceu a virtude, concentra��o e sabedoria como o caminho para a paz, o caminho para a ilumina��o. Mas na verdade essas coisas n�o s�o a ess�ncia do Budismo. Elas s�o somente o caminho. O Buda as chamava de "Magga", que significa "caminho". A ess�ncia do Budismo � a paz e essa paz surge conhecendo verdadeiramente a natureza de todas as coisas. Se investigarmos de perto, veremos que a paz n�o � a felicidade nem a infelicidade. Nenhuma delas � a verdade.

A mente humana, a mente que o Buda nos estimulou a conhecer e investigar, � algo que somente podemos conhecer atrav�s da sua atividade. A verdadeira "mente original" n�o pode ser medida, n�o pode ser conhecida. No seu estado natural ela � inabal�vel, im�vel. Quando surge a felicidade, o que ocorre � que essa mente se perde em uma impress�o mental, existe movimento. Quando a mente se move dessa forma, o apego e a liga��o a essas coisas surgem.

O Buda estabeleceu o caminho da pr�tica completo, mas n�s ainda n�o o praticamos, ou se o fazemos, n�s o praticamos somente com a linguagem. As nossas mentes e a nossa linguagem ainda n�o est�o em harmonia, n�s nos entregamos apenas a uma conversa sem prop�sito. Mas a base do Budismo n�o � algo acerca do qual se possa conversar ou fazer conjecturas. A base real do Budismo � o completo conhecimento acerca da verdade da realidade. Se algu�m conhece essa verdade ent�o n�o existe a necessidade de nenhum ensinamento. Se algu�m n�o a conhece, mesmo que ele escute os ensinamentos, ele na verdade n�o os ir� ouvir. � por isso que o Buda disse, "O Aben�oado apenas indica o caminho". Ele n�o pode realizar a pr�tica por voc�, porque a verdade � algo que n�o pode ser colocada em palavras ou revelada.

Todos os ensinamentos s�o apenas met�foras e compara��es, meios para ajudar a mente a ver a verdade. Se n�o pudermos ver a verdade, sofreremos. Por exemplo, geralmente dizemos "sankharas" [8] quando nos referimos ao corpo. Qualquer pessoa pode dizer isso mas na verdade temos problemas simplesmente porque n�o conhecemos a verdade desses sankharas, e por isso nos apegamos a eles. Porque n�o conhecemos a verdade do corpo, sofremos.

Vou dar um exemplo. Suponha que uma manh� voc� est� caminhando para o trabalho e um homem do outro lado da rua lhe grita ofensas e insultos. Assim que voc� ouve essas ofensas a sua mente muda do seu estado normal. Voc� n�o se sente t�o bem, voc� sente raiva e m�goa. Aquele homem se encontra ali ofendendo-o dia e noite. Quando voc� ouve a ofensa, voc� fica com raiva e mesmo quando voc� volta para casa, ainda sente raiva porque voc� se sente vingativo, voc� quer revidar.

Alguns dias mais tarde um outro homem vem na sua casa e lhe diz. "Ei! Aquele homem que o ofendeu outro dia, ele est� louco, ele est� insano! J� faz v�rios anos! Ele ofende a todos dessa forma. Ningu�m presta aten��o ao que ele diz". Assim que voc� ouve isso, voc� se sente repentinamente aliviado. Aquela raiva e m�goa que estavam armazenadas dentro de voc� todos esses dias se dissolvem completamente. Porque? Porque agora voc� conhece a verdade. Antes, voc� n�o sabia, voc� pensava que aquele homem era normal, por isso voc� estava com raiva dele. Pensando dessa forma fez com que voc� sofresse. Assim que voc� descobriu a verdade, tudo mudou: "Ah, ele est� louco! Isso explica tudo!" Entendendo isso, voc� se sente bem, porque voc� sabe por voc� mesmo. Entendendo, ent�o, voc� pode soltar de tudo. Se voc� n�o sabe a verdade voc� se agarra ao sentimento. Quando voc� estava pensando que o homem que o havia ofendido era normal, voc� poderia t�-lo matado. Mas quando voc� descobriu a verdade, que ele est� louco, voc� se sentiu muito melhor. Esse � o conhecimento da verdade.

Algu�m que v� o Dhamma tem uma experi�ncia semelhante. Quando a cobi�a, avers�o e delus�o desaparecem, eles desaparecem do mesmo modo. Enquanto n�o conhecemos essas coisas pensamos, "O que posso fazer? Eu tenho tanto desejo e avers�o". Esse n�o � o claro conhecimento. � exatamente o mesmo quando pens�vamos que o homem louco era equilibrado. Quando finalmente vimos que ele estava louco todo o tempo, nos aliviamos da afli��o. Ningu�m poderia mostrar-lhes isso. Somente quando a mente v� por si mesma � poss�vel arrancar pela raiz e abandonar o apego.

� o mesmo que ocorre com este corpo que chamamos de sankharas. Embora o Buda j� tenha explicado que n�o se trata de algo s�lido ou real como tal, n�s ainda n�o aceitamos isso, teimosamente nos agarramos a ele. Se o corpo pudesse falar, ele nos diria o tempo todo, "Voc� n�o � o meu dono, sabia?" Na verdade ele nos est� dizendo isso o tempo todo, mas � a linguagem do Dhamma, por isso somos incapazes de entend�-lo. Por exemplo, os �rg�os dos sentidos: olho, ouvido, nariz, l�ngua e corpo est�o mudando todo o tempo, mas eu nunca os vi pedir permiss�o uma vez que seja! Tal como quando temos dor de cabe�a ou dor de est�mago - o corpo nunca pede primeiro permiss�o, ele simplesmente faz o que quer, seguindo o seu curso natural. Isso mostra que o corpo n�o permite que ningu�m seja o seu dono, ele n�o tem dono. O Buda o descreveu como algo vazio.

N�s n�o entendemos o Dhamma e por isso n�o entendemos esses sankharas; n�s assumimos que eles s�o n�s mesmos, que nos pertencem ou pertencem a outros. Isso faz surgir o apego. Quando o apego surge, "vir a ser" vem em seguida. Uma vez que o devir surge, ent�o existe o nascimento. Uma vez que existe o nascimento, ent�o o envelhecimento, enfermidade, morte…toda a massa de sofrimento surge. Isto � Paticcasamuppada. [9] N�s dizemos que a ignor�ncia faz surgir as atividades volitivas, elas d�o origem � consci�ncia e assim por diante. Todas essas coisas s�o simplesmente eventos que se passam na mente. Quando entramos em contato com alguma coisa da qual n�o gostamos, se n�o temos aten��o plena, a ignor�ncia estar� ali. O sofrimento surge imediatamente. Mas a mente passa por essas mudan�as t�o rapidamente que n�o nos � poss�vel acompanh�-la. � o mesmo quando voc� cai de uma �rvore. Antes que voc� se d� conta - "Pum!" - voc� caiu no solo. Na verdade voc� passou por muitos galhos e ramos pelo caminho mas voc� n�o foi capaz de cont�-los, voc� n�o foi capaz de se lembrar deles � medida que passava por eles. Voc� somente caiu e depois "Pum!"

Com o Paticcasamuppada � o mesmo. Se o dividirmos da forma como est� nas escrituras, diremos que a ignor�ncia d� origem �s atividades volitivas, as atividades volitivas d�o origem � consci�ncia, a consci�ncia d� origem � mentalidade-materialidade, a mentalidade-materialidade d� origem aos seis meios dos sentidos, os seis meios dos sentidos d�o origem ao contato sensual, o contato d� origem � sensa��o, a sensa��o d� origem ao desejo, o desejo d� origem ao apego, o apego d� origem ao ser/existir, o ser/existir d� origem ao nascimento, o nascimento d� origem ao envelhecimento, enfermidade, morte e todas as formas de sofrimento. Mas na verdade, quando voc� entra em contato com alguma coisa da qual voc� n�o gosta, o sofrimento � imediato! Essa sensa��o de sofrimento � na verdade o resultado de toda a cadeia do Paticcasamuppada. � por isso que o Buda exortava os seus disc�pulos a investigar e conhecer as suas mentes inteiramente.

Quando as pessoas nascem no mundo elas n�o possuem nomes - uma vez que nascem, lhes damos nomes. Isso � uma conven��o. Damos nomes para as pessoas por conveni�ncia, para ter como chamar um ao outro. Com as escrituras ocorre o mesmo. Separamos tudo com r�tulos para que o estudo da realidade seja facilitado. Da mesma forma, todas as coisas s�o simplesmente sankharas. A sua natureza � que s�o coisas originadas de condi��es. O Buda disse que elas s�o impermanentes, insatisfat�rias e n�o-eu. Elas s�o inst�veis. N�s realmente n�o entendemos isso, nossa compreens�o � falha e por isso temos o entendimento incorreto. Esse entendimento incorreto � de que os sankharas somos n�s mesmos, que n�s somos os sankharas, ou de que a felicidade ou infelicidade somos n�s mesmos, n�s somos a felicidade e a infelicidade. Ver dessa forma n�o � conhecer plena e claramente a verdadeira natureza das coisas. A verdade � que n�o podemos for�ar todas essas coisas a seguir os nossos desejos, elas seguem o caminho da natureza.

Uma simples compara��o: suponha que voc� v� e se sente no meio de uma autopista com carros e caminh�es vindo na sua dire��o. Voc� n�o pode ficar com raiva dos carros e gritar, "N�o dirijam por aqui! N�o dirijam por aqui!" � uma autopista, voc� n�o pode dizer-lhes isso! Ent�o o que voc� pode fazer? Voc� sai da autopista! A autopista � o lugar dos carros, se voc� n�o quiser que os carros estejam ali, voc� ir� sofrer.

� o mesmo com os sankharas. N�s dizemos que eles nos perturbam, tal como quando sentamos em medita��o e ouvimos um som. N�s pensamos, "Ah, esse som est� me aborrecendo". Se pensarmos que o som est� nos perturbando ent�o conseq�entemente sofreremos. Se investigarmos um pouco mais, veremos que somos n�s que sa�mos e perturbamos o som! O som � simplesmente som. Se o entendermos dessa forma ent�o n�o h� nada mais e n�s o deixamos em paz. Veremos que o som � uma coisa, n�s somos outra. Aquele que deduz que o som surge para perturb�-lo � algu�m que n�o consegue ver a si mesmo. Ele realmente n�o consegue! Uma vez que voc� consiga ver a si mesmo, ent�o voc� estar� tranq�ilo. O som � somente um som, porque voc� deveria agarr�-lo? Voc� ver� que na verdade foi voc� quem saiu e perturbou o som. Esse � o genu�no conhecimento da verdade. Voc� v� os dois lados, assim voc� ter� paz. Se voc� enxergar somente um lado, existir� o sofrimento. Uma vez que voc� consiga ver ambos lados, voc� estar� seguindo o Caminho do Meio. Essa � a pr�tica mental correta. Isso � o que chamamos de "acertar a nossa compreens�o".

Da mesma forma, a natureza de todos sankharas � a imperman�ncia e a morte, por�m n�s queremos agarr�-los, n�s os carregamos conosco e os desejamos. Queremos que eles sejam verdadeiros. Queremos encontrar a verdade nessas coisas que n�o s�o verdadeiras! Sempre que algu�m pense assim e se apegue aos sankharas como sendo ele mesmo, ele sofrer�. O Buda queria que o lev�ssemos em conta dessa forma.

A pr�tica do Dhamma n�o depende de ser um monge, um novi�o ou um leigo; ela depende de acertarmos a nossa compreens�o. Se o nosso entendimento � correto, alcan�aremos a paz. Quer voc� seja ordenado ou n�o, � a mesma coisa, todas as pessoas t�m a oportunidade de praticar o Dhamma, de contempl�-lo. N�s todos contemplamos a mesma coisa. Se voc� alcan�a a paz, � a mesma paz para todos; � o mesmo Caminho, com os mesmos m�todos.

Portanto, o Buda n�o discriminava entre leigos e monges, ele ensinou todas as pessoas a praticar para conhecer a verdade dos sankharas. Quando conhecemos essa verdade, nos soltamos deles. Se conhecermos a verdade n�o haver� mais vir a ser ou nascimento. Como n�o haver� mais nascimento? N�o h� mais como ocorrer o nascimento porque conhecemos plenamente a verdade dos sankharas. Se conhecermos a verdade plenamente, ent�o haver� paz. Ter ou n�o ter, � tudo a mesma coisa. Ganho ou perda � o mesmo. O Buda nos ensinou a entender isso. Isso � paz; paz da felicidade, infelicidade, alegria e tristeza.

Precisamos ver que n�o h� raz�o para nascer. Nascer de que forma? Nascer na felicidade: Quando conseguimos algo que gostamos ficamos felizes por isso. Se n�o existe apego a essa felicidade n�o existe nascimento; se existe apego, a isso se chama "nascimento". Portanto se obtemos algo, n�o nascemos (na felicidade). Se perdemos, n�o nascemos (na tristeza). Isto � o n�o nascido e o imortal. O nascimento e a morte, ambos, s�o encontrados no apego e no amor aos sankharas.

Assim o Buda disse: "O nascimento foi destruido, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, n�o h� mais vir a ser a nenhum estado". A� est�! Ele conhecia o n�o nascido e o imortal! Isso � o que o Buda constantemente exortava os seus disc�pulos a conhecer. Essa � a pr�tica correta. Se voc� n�o alcan��-la, n�o ir� alcan�ar o Caminho do Meio e ent�o n�o ir� transcender o sofrimento.


Notas:

7. Veja Introdu��o. [Retorna]

8. No idioma Tailand�s a palavra "sungkahn," derivada da palavra em Pali sankhara (o nome dado a todos fen�menos condicionados), � um termo comumente usado para o corpo. O Vener�vel Ajaan emprega a palavra com ambos sentidos. [Retorna]

9. Paticcasamuppada -- A Cadeia da Origem Dependente, uma das doutrinas centrais da filosofia Budista. [Retorna]



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